De máximos e absolutos

Há que se fazer um curto desabafo: as pessoas estão realmente difíceis de suportar. Parte por si mesmas, parte pelo ambiente deliciosa e apavorantemente único que é a internet.

Afinal, todos temos opiniões. Chegamos até aqui, não é mesmo, cada um com a sua, igual a cús. O que mudou? O volume, talvez. Ou o eco. Sem um esforço consciente, nos encontramos, todos nós, em câmaras de eco personalizadas e construídas sob medida, onde qualquer som dissonante torna-se odioso.

Seja por escolhas de dieta, de religião, de política ou de amigos, eu vejo, cada vez mais, as pessoas definindo-se pelo que defendem. E isso me causa tristeza. Milhares de anos de evolução e cultura para sermos definidos pela opção A ou B? Não, obrigado.

Retornemos, por obséquio, à complexidade. Nós, pessoas, somos maravilhosamente complexos, um amontoado de emoções, opiniões e experiências que se acumulam e se misturam ao longo dos anos retornando resultados únicos. Qual a razão, pois, de nos deixarmos definir por um tipo de comida, uma visão política, uma discussão inflamada?

De absoluto em absoluto, cementamos mais as paredes de nossas câmaras de eco. O problema é que nelas só cabem nós mesmos.

[Como todo texto meu, tinha uma ideia ao começar ele, que se perdeu no processo e por isso terminou em resmungo. Que se há de fazer, não é mesmo?]

De ferrugem, cantos escondidos e tempos

Whoa, três anos. Sem postar nada aqui, no caso. Pelo menos é o que diz o painel de controle.
Pessoalmente, acho que é mais. Muito mais. Era outra época da minha vida, outro eu. Talvez eu não tivesse aguentado sem esse pequeno canto escondido da internet pra colocar pensamentos inflamáveis. E agora preciso dele de novo.

Tá tudo enferrujado aqui em cima. Desliguei as máquinas que não eram essenciais e reduzi as que eram pro mínimo necessário. É a fatídica conclusão à que cheguei tempos atrás: é muito mais fácil e confortável ser ignorante. Simples, burro até. Dá bem menos trabalho.

(In)Felizmente, não dá pra se fugir da própria natureza. Dos fundos recessos do meu sótão, engrenagens puseram-se a ranger e funcionar, lenta mas obstinadamente, até que a função tomou conta de tudo. Não dá mais pra desligar o cérebro, voltei a pensar. Azar de quem vai ler.