De máximos e absolutos

Há que se fazer um curto desabafo: as pessoas estão realmente difíceis de suportar. Parte por si mesmas, parte pelo ambiente deliciosa e apavorantemente único que é a internet.

Afinal, todos temos opiniões. Chegamos até aqui, não é mesmo, cada um com a sua, igual a cús. O que mudou? O volume, talvez. Ou o eco. Sem um esforço consciente, nos encontramos, todos nós, em câmaras de eco personalizadas e construídas sob medida, onde qualquer som dissonante torna-se odioso.

Seja por escolhas de dieta, de religião, de política ou de amigos, eu vejo, cada vez mais, as pessoas definindo-se pelo que defendem. E isso me causa tristeza. Milhares de anos de evolução e cultura para sermos definidos pela opção A ou B? Não, obrigado.

Retornemos, por obséquio, à complexidade. Nós, pessoas, somos maravilhosamente complexos, um amontoado de emoções, opiniões e experiências que se acumulam e se misturam ao longo dos anos retornando resultados únicos. Qual a razão, pois, de nos deixarmos definir por um tipo de comida, uma visão política, uma discussão inflamada?

De absoluto em absoluto, cementamos mais as paredes de nossas câmaras de eco. O problema é que nelas só cabem nós mesmos.

[Como todo texto meu, tinha uma ideia ao começar ele, que se perdeu no processo e por isso terminou em resmungo. Que se há de fazer, não é mesmo?]

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