Sarau da Mentira

Rolou na noite de ontem, dia 1° de Abril (calma, é verdade), no Aristos London House, o Sarau da Mentira, iniciativa do grupo Da Gaveta, responsável pelo fanzine de mesmo nome, que já organizou dois eventos na mesma linha, o Sarau da Loucura e o do Desespero. A idéia por trás do evento, segundo os organizadores, era "revelar mentiras gritantes que são tomadas por verdade por todos ou por alguns. Queremos revisitar o cotidiano por meio de um olhar crítico". O Sarau reuniu diversas formas de cultura, indo desde a música até as artes plásticas, passando pelo teatro, dança, poesia, e afins.

Entre as bandas, destaque para a Vagabundos Iluminados, que tocou clássicos do fundo do baú, e a Lonely Hearts Club Band, que agitou o público com seus covers de Beatles. A Hare Krishna embalou a galera com seu ritmo envolvente, convidando todo mundo a se juntar à dança.

Na poesia e na prosa, Zé do Rio fez uma dura crítica a falta de ação do povo na época da ditadura, e Adriel Seib realizou um discurso flamejante contra a falta de incentivo à cultura em Caxias, seja para a música ou qualquer outra forma de arte, e foi aplaudido com entusiasmo.

Aos livreiros de plantão, havia um estande para troca de livros, bastando levar o seu livro já lido e trocar por outras obras, de diversos autores. A última edição do fanzine Da gaveta também estava disponível, de graça, para quem se interessasse a ler. Camisetas, bordados e peças de artesanato também estavam à venda ali, e havia várias mesas e cadeiras a disposição de quem quisesse curtir a noite com os amigos

Infelizmente, não dá pra falar de todas as atrações, já que a quantidade, diversidade e qualidade delas excede e por demais a minha capacidade de lembrar de todos, então quem aqui não foi mencionado, sinta-se homenageado de forma igual. Foi, na minha opinião, um evento de sucesso, com a casa cheia e fila na porta, com seus altos e baixos, como já estamos acostumados. Uma pena que este tenha sido o último Sarau, mas a  equipe do Da Gaveta prometeu que vai lançar outro evento, com outro formato, ainda esse ano. Ficamos no aguardo então.

*texto publicado originalmente no blog da Revista Zunido - Zunido *

Solitário Passante



I must be invisible;
No one knows me.
I have crawled down dead-end streets
On my hands and knees.

I was born with a ragin' thirst,
A hunger to be free,
But I've learned through the years.
Don't encourage me.

'Cause I'm a lonely stranger here,
Well beyond my day.
And I don't know what's goin' on,
So I'll be on my way.

When I walk, stay behind;
Don't get close to me,
'Cause it's sure to end in tears,
So just let me be.

Some will say that I'm no good;
Maybe I agree.
Take a look then walk away.
That's all right with me.

Por um segundo

Por um segundo, essa fração de tempo tão pequena, eu fui feliz. Experimentei uma sensação que me é tão difícil de pôr em palavras quanto de expressar. Um segundo aonde tudo estava bem, nada mais importava e o resto do mundo era espectador. Felicidade, realmente, era algo tangível.

Mas foi só um segundo. Pois então eu acordei, e esbarrei na realidade.

De Sábios e Tolos

Felizes são os ingênuos e os ignorantes. Passam pela vida felizes, amam, choram, riem. Estão satisfeitos com o que a vida lhes dá, o destino para eles é pontual como um cavalheiro inglês. Não procuram respostas, pois não fazem perguntas, contentes estão com a vida e nada lhes muda a cabeça.

A sabedoria e o conhecimento são fardos que nenhum homem deveria jamais carregar. Seu peso nos torna amargos, cínicos e tolos. Sim, tolos. Perseguimos os porquês, caçamos os comos, fazemos perguntas sem respostas, e procuramos respostas aonde elas não existem. Douglas Adams, um visionário, já tinha compreendido esse terrível carma a que nos expomos. Pois a resposta para a Vida, o Universo e Tudo o Mais é 42, sem dúvida. Mas qual exatamente é a pergunta?

Anos atrás, tolo que era, gastei uma irrecuperável quantidade de tempo perseguindo esfinges de conhecimento, fantasmas de sabedoria. Julgava herói aquele que tivesse as respostas e as perguntas, insensato que era. Já fomos todos nós jovens, idealistas e cheios de idéias, que naufragam ao atingir o recife da realidade. Pois tememos apenas o que conhecemos, e o desconhecido nos é indiferente. Criamos medos, espectros, tentamos mudar o destino e as pessoas, e não reconhecemos a derrota.

Meu maior medo? Eu mesmo. Queria não ser assim, este sábio de araque, filósofo de teclado. Mas, se assim o sou, então aviso aqueles que virão: não desperdice seu tempo caçando efígies, viva a vida, você só tem uma, e o conhecimento é pesado demais para ser carregado pelo homem.

Solitário Andarilho


A definição de solidão segundo o dicionário: "A solidão não requer a falta de outras pessoas e geralmente é sentida mesmo em lugares densamente ocupados. Pode ser descrita como a falta de identificação, compreensão ou compaixão."

Algumas pessoas não suportam a idéia de ficar sozinhas. Outras, se isolam do mundo exterior por falta de opção. Eu, pra variar, fui o diferente. Minha vida tem sido composta de solidão desde muito tempo atrás, quase desde sempre. Nunca me importei, até algum tempo atrás. Recentemente, comecei a me questionar: será que era mesmo assim que eu queria viver?
Eu me sentia sozinho em qualquer situação, fosse no meio da multidão, fosse com aqueles que eu pensava amar. Não tinha ninguém com quem conversar, um ombro amigo pra me apoiar, uma palavra de apoio. Então eu me voltei para a música, que com suas belas melodias conseguia acalmar a crescente sensação de vazio no meu peito. Mas, com o tempo, nem mesmo a música conseguia dar conta. Comecei a me dar conta de que todas falavam de amor, amizade, companheirismo e fidelidade, sentimentos que eu jamais havia sentido de verdade. Percebi que o verdadeiro solitário