Tolo que fui, agora pago pelos meus erros.
Errei ao pensar que estava acima de tudo isso, da única coisa que torna o animal homem diferente dos outros...
Achar que eu era imune às emoções, aos sentimentos latentes no coração de cada um, esperando a menor quebra, uma defesa baixa e eles estão ali. Anos se passaram desde a última lágrima, me fazendo pensar que eu era seco, que era de aço e que nada poderia me tocar...
Tolo.
Ao imaginar que a ausência de emoções me tornava forte, deixei de notar que era isso que faz com que nos tornemos fortes frente à adversidade. Ao declarar lágrimas um sinal de fraqueza, e bani-las da minha vida, esqueci como era sentir.
Tornei-me, como o nome do blog diz, um robo humano. Não sentia, apenas fazia. Tornei-me solitário, distante, me enclausurando cada vez mais na música, esquecendo de todo o resto, os prazeres da vida e da companhia de outras pessoas. Construi muros que nem eu mesmo poderia quebrar, deixei tudo de fora, e assim toquei a vida...
Então veio você, com suas brincadeiras, seu jeito levado, aos poucos derrubando cada tijolo daquele muro, sem nem mesmo eu notar, cada vez mais eu sentia a sua falta quando você sumia, sem nem mesmo saber disso...
Com você eu descobri o que é saudade, o que é a alegria de conversar sem me salvaguardar atrás de mentiras. Com você eu tive momentos inesquecíveis, que agora fazem parte da minha história, e que nunca vou deixar de lembrar com carinho...
Com você eu redescobri sentimentos enterrados tão fundo, que nada podia alcança-los. Encontrei a primeira lágrima em muitos anos, bem embaixo de uma pilha de outras coisas, como a saudade, que eu tinha esquecido como era.
E então você sumiu, e as promessas que fizemos se tornaram nada mais que dúvidas, e eu sentei e chorei. Não chorei rios de lágrimas, nem fiz escândalo.
Foram apenas duas lágrimas, solitárias, mas que pra mim foram como se o mundo acabase e somente eu estivesse ali de espectador.
Eu ainda espero você, aqui, onde sempre estive, sem lágrimas, mas com sentimentos quebrados....
